A maternidade Doutor Moura Tapajóz, da Prefeitura de Manaus, deu início, nesta terça-feira, 9/11, às 9h, a uma série de atividades de prevenção e conscientização alusivas à campanha “Novembro Roxo”, que alerta sobre as consequências da prematuridade (nascimento antecipado), tanto para o bebê e para a família quanto para a sociedade. Em 2021, o foco da campanha é a separação zero entre mãe e bebê prematuro, ou seja, garantir que a mãe tenha condições de acompanhar o filho durante todo o período de internação e permitir que o pai também tenha livre acesso.
“Nossa unidade já tem como prioridade a separação zero e disponibiliza um alojamento para acolher as mães dos bebês internados na UTI Neonatal da unidade. O albergue garante uma maior qualidade na atenção às mães que, no período delicado do pós-parto, precisam permanecer na maternidade para acompanhar seus recém-nascidos internados”, explicou a enfermeira obstetra Núbia Cruz, diretora da Moura Tapajóz.
Nesta terça-feira, a palestra de abertura das ações do “Novembro Roxo” foi feita pela médica pediatra e representante da Sociedade Amazonense de Pediatria, Rossiclei Pinheiro, que abordou o tema “Prevenção da Hipotermia”. No evento, a pediatra e neonatologista da maternidade, Briza Rego Rocha, também apresentou o recém-elaborado documento sobre o Procedimento Operacional Padrão (Pop) de Extração de Leite à Beira Leito da Maternidade Dr. Moura Tapajóz.
Durante todo o mês, servidores da unidade receberão orientações sobre assuntos relacionados à prematuridade e serão realizadas rodas de conversa com as mães de bebês prematuros, além de sessões de relaxamento. Haverá, ainda, palestras sobre o Método Canguru e sobre o Uso Criterioso de Medicamentos.
Prematuridade
Um parto é considerado prematuro quando acontece antes de 37 semanas, sendo que uma gestação ideal tem de 38 a 42 semanas de duração. Entre as principais causas obstétricas para a prematuridade, estão a hipertensão materna, a diabetes gestacional e a pressão alta ou pré-eclâmpsia. Outros fatores também podem levar ao parto prematuro, como o hábito de fumar, o consumo de álcool, drogas, estresse, infecções do trato urinário, sangramento vaginal, obesidade, baixo peso e distúrbios de coagulação.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, nascem quase 300 mil bebês prematuros anualmente. O número coloca o país na 10ª posição do ranking mundial de prematuridade, que é a maior causa de mortalidade infantil até os cinco anos. E, enquanto o Brasil está com a média de prematuridade de 11,1%, na região Norte esse percentual sobe para 14,1%.
Apesar do percentual elevado apresentado pela região Norte, a chefe do Núcleo de Saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Ivone Amazonas Marques Abolnik, trouxe ótimas notícias sobre Manaus.
“Apesar dos índices de prematuridade estarem aumentando no Brasil, no município de Manaus, tivemos uma queda. De 8,75% em 2020, reduzimos para 8,25% este ano no mesmo período. Números bem abaixo da média nacional. E isso é resultado de um esforço de todos nós, Estado, município, maternidades, Atenção Básica e da comunidade, porque confia no nosso trabalho”, avaliou Ivone.
De acordo com a diretora do Departamento de Atenção Primária da Semsa, Sonja Ale Girão Farias, o “Novembro Roxo” é importante como forma de intensificar a sensibilização da sociedade sobre o tema “prematuridade” e sobre a importância do acompanhamento pré-natal desde o primeiro trimestre da gravidez.
“Estamos trabalhando para reduzir esses índices, tanto de partos prematuros quanto de mortalidade materna e infantil. Para isso, estamos ampliando a cobertura da Atenção Primária à Saúde, que no momento está em 67,28%, e, consequentemente, aumentando o acesso das mulheres ao pré-natal, pois é durante esse acompanhamento que são detectadas quaisquer alterações que possam levar a um parto prematuro, como, por exemplo, hipertensão, diabetes ou infecção urinária. Até 2022, pretendemos inaugurar mais dez novas unidades de porte 4, com atendimento humanizado e uma carta ampliada de serviços”, explicou Sonja.
Elizabeth Ferreira de Mesquita é mãe de Arthur Gael, que nasceu dia 15 de outubro deste ano com baixo peso e outras complicações de saúde. Segundo ela, passar por toda essa experiência na UTI tem sido uma grande aprendizagem.
“Sou mãe de outros dois filhos e não imaginava como era a vida de alguém que tem que passar por tudo isso com seu bebê. Nas minhas experiências anteriores, três dias depois do parto já estava indo para casa. Hoje, já estou há 24 dias na maternidade. Uma experiência muito marcante, que vou levar para o resto da vida”.
Arthur Gael foi diagnosticado com pâncreas anular, uma anomalia rara neonatal que só pode ser revertida por intervenção cirúrgica. “No momento, meu bebê está na UTI para recuperação da cirurgia, mas estou sempre por perto. Tenho acesso livre à UTI, faço a extração do leite e vejo sendo dado ao meu filho. Estou sempre presente nos procedimentos. Antes da cirurgia, estava fazendo canguru e, assim que ele estiver mais recuperado, voltarei a fazer, junto com o estímulo da amamentação diretamente no peito”, completou Elizabeth.
Após receber alta da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin), o bebê prematuro ainda passa pela Unidade de Cuidados Intermediários Convencionais (UCINCo) e, só então, finalmente, para a Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCa), antes de ir para casa.
A UCINCa faz parte da assistência neonatal do Método Canguru, que promove a atenção humanizada ao bebê prematuro e é indicado principalmente para recém-nascidos com baixo peso, tornando o pós-parto mais aconchegante e aproximando ainda mais mãe e filhos por meio do contato “pele a pele”.
As vantagens do método são o aumento do vínculo mãe-filho, menor tempo de separação entre os dois, estímulo ao aleitamento materno, maior competência e confiança dos pais nos cuidados ao filho de baixo peso, menor número de recém-nascidos em unidades de cuidados intermediários, melhor relacionamento da família com a equipe de saúde, diminuição da infecção hospitalar e menor permanência hospitalar.
Doação de leite humano
Os bebês prematuros são os principais receptores do leite humano doado à maternidade Doutor Moura Tapajóz.
“Muitas vezes, as mães de bebês prematuros não conseguem amamentar. E o leite humano é o melhor alimento para qualquer criança e fundamental para os bebês que estão doentes, principalmente os internados nas UTIs neonatais. Então, as doações podem literalmente salvar vidas”, destacou Núbia Cruz.
Toda mulher que está amamentando pode ser voluntária e ajudar a salvar a vida de vários recém-nascidos. O Posto de Coleta de Leite Humano da Moura Tapajóz funciona 24 horas e dá apoio às puérperas e mulheres que estão amamentando, com coleta domiciliar de leite das doadoras e consultas individuais de orientação sobre amamentação.
O posto dispõe, ainda, de carro e de uma equipe composta de motorista e técnico de enfermagem, exclusivamente para coleta de leite no domicílio das mães doadoras, buscando os vidros cheios e substituindo-os por vidros esterilizados.
A coleta domiciliar pode ser feita por meio de agendamento pelo telefone (92) 99240-8080 ou a doação pode ser realizada na própria maternidade, localizada na avenida Brasil, n° 1.335, bairro Compensa I, zona Oeste, de segunda a segunda, no horário das 8h às 18h.
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Texto – Marcella Normando / Semsa
Foto – Camila Batista / Semsa